Versos dum doce Acalento

I. A Nebulosa Montanha

Se cantarolassem aqui, neste cróceo dossel, o poema dos rouxinóis, a verdura das folhas talvez me resgatassem;
Se exsudassem aqui, o meigo orvalho das folhas, e não as rubras lamúrias sobre o archote, as submersas pedras talvez aqui rejubilassem;
Aqui, em cima destas equóreas rochas, se aqui houvesse as obliguladas flores,
Os corvos e as negras águias, aqui não tumultuariam,
E as ermidas em seus tempos, certamente regozijariam;
O brado e a queixa, sobre enegrecidas ondas, o aguaceiro, a superfície, que inundam as úlceras da multidão,
E a chuva, e o sangue, e as lágrimas, talvez não escoassem pelo chão,
A arte, o artesão, que de súbito, soou com o enxuto trovão,
(O gentil), (o sáfio), teu cenotáfio aqui chama em profusão
Uma louca salubridade, por aqui ressoou
E o incubar de distantes barcos engolidos pela alta bruma, aqui a pouco emaranhou;
E as loucas nuvens primaveris, através de longínquas fronteiras, e o homem então me feriu
Como uma rubra onda atrás engolindo o sol tão tardio.


Oh, e aqui, nestas calorosas e ásperas rochas, se aqui a bravura dum homem ululasse,
onde outrora, a fúria dos lobos desandava, talvez os cabelos desta dama brilhariam neste embrace,
(A corrente tão pesada roçando através da areia) (As nuvens, oh a aranha, tecendo a sua teia)
Oh aqui, e se aqui, voz houvesse, as adormecidas faces, sobre cavalos alados, quiçá entranhassem,
O andu, o impulso sob as chamas tortuosas da divisa, a fera, a besta, e os violões, outrossim, dedilhassem,
E com estes olhos de cintilosas estrelas e doces gorjeios, ao universo perturbar,
O campanário, o curinga, o crocodilo traiçoeiro, o entremez a lhe enervar;
Oh, e aqui nesta rodopiante sombra, transbordante de cotovias silenciosas, se aqui meus dias, não alentassem,
E o fogo, e o alimento da neve, aos leitos boiassem,
As serpentes na areia, certamente retorceriam,
O velho mundo, porventura em calmaria, os caracóis, os cavalos brancos, e os ursos repousariam;
Então em tampouco, a neve da montanha, resvala sabiamente, sobre o mágico conto,
E triturado nas entranhas do tempo, e deste ás cristas das conchas, que chilram em impromptu;

O fulvo silêncio, então desce, nas espáduas dos montes, e a arenosa estrada, mortifica-se sob a foz.
(Ai de nós, o tempo intento
(Ai de nós...)
As joaninhas em suas flores, e se modifica o albatroz (...)
E o fulvo silêncio então se calou á alma do epizeuxe a se calar
Que então descia o crepúsculo que em sua origem,
A origem que o trouxe do longo mar (...)
E minha' alma, a alma espreitou,
E aglomeraram em crianças, homens, e a tumultuosa águia, aqui tumultuou,
Suas encardidas penugens, e os ermos desertos, então as engoliram,
Massacrando entre os ventos as lágrimas que as esparziram,
A poente então estendeu, seu domínio sobre a terra,
Que outrora, as montanhas, neve alguma, abrigavam dentre a guerra
E abrigos proviam, e os murmurantes refúgios, outrora no Albornoz
(Ai de nós, o tempo intento
(Ai de nós, o tempo atroz...)

A morta montanha, que cuspiu o bagaço de suas décadas, o leitor, o poeta, nas coleantes estrelas a pairar,
Que, devoravam o enxuto trovão, ao céu serpentear,
Oh e se aqui o luar resplandecesse, e não o atroante silêncio, que a emenda então espalha a besta insidiosa,
A fronteira que acorrenta as estirpes da vida e da morte esvaziar-se-ia, numa voz cavernosa (...)
Se a torre, o escudo, o brilhante orvalho e o punhal enaltecem-se sobre a estrela,
Os morcegos, desde a crista da vida, ao perseguir seus frutos,
A harmonia do céu, não omitiria a dete-la,
E os pés na areia, a andejar sobre os cicios da doce dama enredada á maranha,
O esquecimento, agora guarda sequer as lembranças da barganha,
E a solidão, aflora as espáduas da nebulosa montanha, que então chora numa teia de aranha,
E as serpentes então retorcem, sobre taciturnas alfombras, vibrando nos musgos da madrugada,
E rosnam a tecer angustiantes questões em sua origem folheada,
Oh, e a espalham sobre a face da terra, e a brancura dos meus ossos, que ao musgo não afloram,
A manhã, o gárrulo, o loquaz, sobre o leito dos mares, onde os homens não se afogam (...)

E o vento então ladra, sobre os solitários cânticos da cigarra,
As calhandras, as empas, as polpas, e o silêncio aqui não agarra (...)
E calcinadas portas, sob um enterrado cruzeiro, enrodilham nas vestes da desolada terra de meu filho;
As escadas se retorcem ao morrer deste rastilho,
E agora, este que herdará a morte que reina que não verá em seu tempo, o andar dos belos animais, que verá mares á esmo, e o tempo que agora o condena tão fugaz,
E o cabaz ao dorso, a fuligem tão sutil quanto a avena,
O tordo, os esteios, o arrimo, a ávacena, com as aquáticas preces, lentamente sorri, o mexerico, a alma tão serena
E as oliveiras, a serem trazidas pelas altas marés do tempo,
A nebulosa montanha, agora sorri em antetempo (...)

- E no tempo, tempo não haverá,
Para que sobre esta montanha, flores também fossem, e no lugar destas secas rochas, folhas canoras também,
(Dirão das chuvas), o sermão que do archote não provem, nem dos leitos, emerge, nem da face da terra, o retém.
E os homens então vêem, do calcinado corredor, rosnando um odioso silêncio do além, que dos trens afora, floresce o sol aquém (...)
E oferecem-me um pouco de café, (Por quanto queres, pelas vísceras desta terra?)
- Ora, que os céus, por mim respondam, e quando questionado, o silêncio berra;

- E no tempo, tempo não haverá,
Para que sobre estas ásperas rochas, também escorram a água, e de súbito as nuvens míngüem,
E dos rostos moldados com a beleza das estrelas, e nesta terra, maçãs e laranjas também fossem e umectassem;
(Dirão das chuvas), o fulvo silêncio demasiando magicamente sobre a ponta de meus pés, com a foice de fogo, ceifando os braços da morte que os extinguem,
E os pinhos, as bainhas, os muginges, e lá fora também brotassem;
E as damas então se retiraram com seus pálidos vestidos, que a arenosa voz da paz, com firmeza, não afogue seus cabelos,
E como uma flor exposta ao vento, encubro minha ‘alma nuns regelos;
E o frêmito nestes ossos modulou, e rastejaram as serpentes, em seus violáceos abismos, e os masmarros (...)
A esfinge a cingir um colorido dogma, (E retiraram os homens seus cigarros)

Então ruflando sua morte, a nebulosa montanha, feneceu a neve de suas espáduas, e a negrura dos céus, ali também fossem,
E para que silvasse sua forma, o fustigar dos gloriosos sinos do porvir, a congelar a solidão que outrora terrificava,
O seu sopé então pereceu, e tudo o aquilo que o amava,
A nebulosa montanha, feneceu suas rochas, e cada mísero pedaço rochoso daquelas ásperas rochas á esmo,
E cai-se a montanha, fenecendo ali mesmo.
E feneceu, a rocha da fome,
E feneceu a rocha da mortandade,
E a rocha da violência
E a rocha da vaidade
E a rocha da dor
E do pranto, e do rancor, e da solidão, e de cada presente tribulação,
E também presente naquela pálida montanha,
Resvalando seus flocos pelas agudas horas de tal façanha,
E cantava e cantava sua canção o rouxinol,
Que de encontro cantava sobre uma humilde cumeeira, ao por do sol;

II. Vox Belli

Tendes-me aqui, um vetusto em rosto de petiz,
Enquanto um branco pardal trova para mim.
O surdir da treva, ao horizonte não aflora, e do emergir, o jazer
Que com este, a videira, ao sol perdura.
Jamais prostrei-me aos pés, entre as ignávias espadas
Nem jamais perambulei, sob as fragas de negras centelhas
Sequer amparei o sabre da afoiteza, nem entrajei a égide da imensa bravura.
A infantaria que uma terra desola, fez uma terra desolada,
E o ganso, cuja uma pena exerceu o acalento, o pequeno esgalho, ali aninhou.
Eis-me aqui, o branco pardal que no peitoril da janela, á mim trovou,
E este foi resfolgar em seu alojado horto, onde o jardineiro que outrora resfolgava, viu passar um varão fardado a lhe espreitar.
Por que deveriam tais, ao sibilo do comboio venerar?
E nos seus espôndilos arraigarem suas frágeis questões?
O chá, o café, a xícara e o pão, a côdea que nele reveste e assim disse o trovão;
Como o cão que ladra a noite, por que algo á ele perturba, são as línguas, e como a naveta que o incenso, retém, são os pés.
E como aquele pardal á fonte veio para saciar-se, são as almas.
Como a donzela que não cuida da pradaria, assim são meus olhos.
O açúcar, a poldra, a enxada, a sirga, a xícara, o punhal, o cordel.
A donzela se reveste ao lençol, e os distantes pardais á suas felpas, ás margens do rio, ao cair da noite, e eu, um petiz aguardo o longo sol.

A chuva sôbolo gado, fez germinar as corolas duma flor,
E o louco signo trovou (Esta pernada pôla)
Um conhecido chamou-me á ponte de Bassum,
E disse-me;
- O gado adoecido á pradaria da Donzela Metsawn, a primavera de Khreshchatyk foi recoberto em máculas, sabias?
- Ora, mas não te perturbe a cabeça, Fawtson,
- O inopiado trovão não interromperá a geada de teu leito, tu que comigo andou pelas ruas de Guernica, e conversamos ao lado do cafezal do Senhor Sttut em Saint Dawn Street,
- Não te preocupa os olhos com a geada, é só mais uma das loucas estações,
(Não o vi novamente, desde aquele dia)... 
Íncola, a areia das pombas, (e o sol á aurora debruça)... Enquanto uma dama a contar-me sobre as chuvas de Weinheim, me prepara um café...
A castanha, o castanheiro, e pairam os moscardos da aldrava á emagrecer, o ferrolho, a casebre (O envelhecer) sobre o céu pardusco.
A terra, o garimpeiro, ás catres de Flensburg
O ferro, a chave, não imanta, o imantar que a fé jurada falta á ti, e o púnico que uma terra dantes não residia, agora nos situa;
A rugosa noz, as pedras, (Que farão?) o bordado, a ave.
Nas ruínas de Guernica, em uma gravura que nada palia.
Vedes tal, o sistemático prodígio, o grande comunista,  em que perdão?... Presuma (Em que perdão?!)
As vésperas de Maio em Mauthausen, foram longas; E o lobo inverniço saltou dos distantes frutos, vinhos a serem tomados, guardados
E tomou-se por uma pena, a gota de tinta, e os fantoches a nada engendrar, entre os vazios de suas terras, calaram-se,
Recolhia-se o outono em Hiroshima, enquanto ao estio a mulher retraia os candelabros, ás lânguidas mãos de Alfredo, em Andernach.

Presuma... Ao vestíbulo, os dedos sobre a porta, após o longo saber... Presuma...
Os destruídos fantasmas dum passado inacabado, ás cinzas tecidas pelos ventos de Baesweiler, presuma(em que saber)?...
Enquanto as Senhoras de Castrop-Rauxel fechavam áditos á seus preceitos, mas afinal, presuma... (Em que preceito)?!...
- Sou apenas um petiz, cujas mãos sibilam as ruinosas cinzas de Bergheim. (E tais riram de mim)!...(Eu me rendo) (Eu me rendo) !...  (E de mim tais riram)!...
Ás poeiras das estantes, ornadas por ora sobre encostos sociais, e a donzela cicia á orla da cama, (Em que preceito eu choro)?...
E longínquos labirintos, de dolosos caracóis, nas telas de Escher,
A mão ociosa, os dedos ociosos que na porta, engendram as estratégicas saídas, presuma (Em que questão)?!... Saberiam?
E que tal seduz, com turvos pensamentos distorcidos pela ociosa mão, (Em que questão)?!... Se sou apenas um petiz...! Um vetusto sobre uma montanha, de brancos afazeres, a debruçar os ouvidos á uma janela moldada em cristal...! (Em que questão)!...(Em que questão)!... Presuma! (O esculpido cômodo calcinado)
Minha casa é um tugúrio, a verter-se em uma bola de  despedaçadas respostas, arremessada gentilmente em uma frêmita órbita de incógnitas frações de incogitadas perguntas.

(E no que presumo)?!... Tal ao louco saber?!...
Afinal, os trêmulos pensamentos nos devora,  enfim (presuma!...)Enfim...!
- O lobo salta novamente no Dezembro em Grevenbroich, a solução? (presuma!...) a solução?
E fazê-lo com tal virtude, o que trará a lamúria? Brotará este ano? E o teu leito, interpelará tal balbúrida, exercida nas furiosas virtudes da louca lua, com o silêncio?
- A ira frutifica, e das fontes, os pães dos pássaros, (Que farão?)
Afinal, o que presumo? Algo frutifica? A ira frutifica?, (Que farei?) (Que faremos?)
Estas lágrimas esculpidas por dentes que nada garfam, pois a treva afinal que irrompe, minha enrijecida alma, num catre, e sobre os alquebrados tetos de um pardieiro de aluguel, nada acalenta, as astutas teias, a maneira, a virtude
Não devo presumir, que em conclusão alguma cheguei?
Devo presumir a rejeição de meus sentimentos até que tal esfaima a razão?
O medrar das doces estrelas, os vetustos demônios que alçam sobre a instigação, a persuasão, e que bailaram sobre o centeio e as baías verdes de minha frágil mente, e o que devo presumir?
Que o pardal afinal esqueça-se de seu alimento, se é isso que alarma e ala suas asas?

E afinal, o que dará o disso o intento?
- O extinguir do mórbido lucro enregelado?
- O congelar dos sentidos que afogam os mucos pré-sociais?
- O apartar do fascismo ao poderoso papel?
- O vibrar do trêmulo vórtice que alcança a parva sabedoria?
- A mágica que não resvala e germina a frutificação de meu leito?
- O triunfo dos cálices da imensa bravura?
E o que dirão afinal?
Que minhas ações dividirão os átomos de agrura e amargor que arraigam em minhas artérias?
Essas minhas questões, apenas sei que o saber nada espera
E tal e todas outras questões que em meus cabelos guardo, e das lágrimas abaixo á meu queixo, serão respondidas, quando finalmente o homem com a caneta na mão, compreender que a vida vale mais do que a morte.

III. A Crônica da Treva 

Seus olhos, como esmeraldinos castiçais num escarlate dossel,
Estendia a diáfana corrente ferroada de sincrônicas visões, sobre mim.
Um regelado leito de rio, excogitando o castanho dos olhos no batel
A tremeluzir entre verdejantes centelhas, e a dourada fonte á esquerda do jasmim,
E reluziam fortemente estes olhos, sobre os esquálidos escombros de meus ossos,
As faiscantes chamas da juventude, a alma da fâmula, a beatitude de poetas aglossos,
E adornava confrontando um transparente e pequeno talude, ofuscando rapidamente na vidraça em quietude.
Oh, e as chamas, onde os estuques de mármore relampejavam,
Fundiam-se ás uvas adornadas em turmalina,
Ondas por esteios suspensas, todavia choravam, ao lado de tróicas estrelas chamuscadas á  mofina,
E engulhos então me tomaram com paixão; Não leve-a de mim!
Chorando incessantemente tumulado de emoção, num vaso de martim,
E por sombras de escrivães e de tufos prateados, a dignificar sôbolos sete chifres da besta ornamentada sobre o chão de cobre inumado,
(E com este até meus cabelos). (Chorei)
Pensando na fúria, na dor, na alma, do triste e silencioso apelo de seu pensamento atulhado, e nos lábios inquietantes de sua grei (...)

A exuberante profusão ao matiz colidir, emergia o triplicar das chamas cintilosas, ás quatorze cabeças do lucivelo de cristal,
A encontro de suas jóias, ardendo à turquesa, como uma cauda de onda sobre um bordão de ouro cardeal,
E atada á seus pés, chilreava assombrosamente num quarto noturno (...)
Em escrínios, cordéis, epístolas, e frascos de crisocola sobre o ônix diuturno,
E com um enrijecido anjo a atirar luzidias cores sobre seus vultosos lábios,
Tais atravessavam me, de sua mente quebradiça, em rica devoção de esplendor em meu gábio (...)
E bradavam as chamas: Leve-a deste, e de seus olhos em ciprestes!
E com turvares de sua alma, em murmurantes sóis celestes,
Oh, e olhei em seus olhos, sobre lágrimas erguidas numa sombria antiguidade de demônios acorrentados em ungüentos e perfumes,
Em alcatruzes e em pó, a surdir lentamente meus sentidos em amarume,
E estes moviam-se como o pó ao vento, e afogavam o eflúvio nas cortinas,
E de suas rosas em gris esvaecidas nos olhos do intento, e seus brados ao universo sobre as cintilosas lamparinas,
Chorei perto do enegrecido silêncio ecoando para além das janelas ao lado dos jarros de dafne, e fronteiras bordadas com os órgãos gélidos da enfurecida lua de Jaspe.

E o arabesco em contraste com a treva, como se um rio desse a ver, as cenas pastoris (...) Como sombras reluzindo em agulhas flamejantes em seus olhos infantis,
E um laço carmesim erguido de seus longos e negros cabelos, com um dragão de opala e obsidianas, numa onda olho-tigre a tartamudear nas abas de pequenos capelos, e entre sintéticos santos de pedra, e a espreitar-me com vigor (...) Vi-a nos jardins contornados como uma língua trovando um louvor (...)
E com ruges pensamentos á esguiar-te com derradeiros sonhos, e sobre os salões de marfim, O reino da morte jasmínea, o encanto do silêncio a envelhecer os muslemos do amor entre seus beiços carmesins,
E os bichos a sangrar por obscuras brenhas ao redor das mortais estrelas;
(...) E o rouxinol acalentando, chorava com os áridos desertos, e as nebilosas procelas,
As estradas joviais, (a fonte anuviada),
Os cômoros branco-ovelha e um trêfego silêncio em caminhada,
Seus olhos, em emolduradas faces, por jóias penduradas e por um desconhecido ungüento, Ungia a porta de seu quarto, e seus olhos colocados em meu coração sedento,
E estradas pastoris em luzidios tronos por folhas, cobertos,
A cortar com sutileza as embrulhadas laudas da tortura e do amor, sobre a planura de seus sentimentos mais secretos,
E defrontada a pérfida campina, em dobras de inquietude,
Alto mergulhou-se aos campos da desolação, e desolou-me com sua doce virtude.

E os vales com o bafio navegado ao ar, com as flutuantes paredes de flâmula a voar, em meio ás celestiais lágrimas a transmutar o céu em imensuráveis cortinas de fogo, mergulhando os seios da morte em vitais ondas de afogo, 
E a distante onça, agarrada com a neve e o alastrado feno sobre os pés,
E o fluir das constantes fumaças a enrodilhar as chaminés,
E soçobrado ao gelo furtivo, e as dobras elevadas com o gélido esconderijo nupcial,
Seus cabelos com espelhos de negrura, oh olhei-a em distantes cupidos de cristal,
E confundindo-se com revestidos de diamantes, e então ardendo sobre as máquinas e os silêncios atroantes,
E tumulados pela necrópole ao mar amarrado, ajoelhei-me sobre as flamejantes sombras abocanhadas pelo sol alado,
E sobre os cabelos e a escova a abocanhar o envelhecer do reino da morte, o outro lado,
Seu trôpego espelho, ruborizou o chão com sôfregas pétalas de meu passado.

No salão, as chamas bailam e cantam em uníssono com as distantes cigarras, que saltam sobre os pântanos e lodaçais sinuosos, a entreabrir uma calva nos cabelos!
Os ventos atroando gelidamente numa prateada cocharra, que brilha no intenso suor que escorre sobre os pequenos trigos nos gabelos!

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     ‘’Estou adinâmica aos braços hoje. Se hortasse-me rosas um marquês.
Certamente esgotar-me-ia o ar, como este nanzuque.                                        
      ‘’Ora, o que inculcas, Maria? Que comutar-lhe-ia os ares, pelos oiros dum lavrante?
Não te repudies os ares Maria. Em verdade, um plebeu se rejubilaria em levar em mãos as tuas palhas.

- Que balelas são estas Nil, não me diga, que lhe confortas as mãos com estes adágios dessecados? Se tu sabes, que preserva em boca uma língua obreptícia?

- Não restar-me-ia razão a esfaimar seus brocardos Maria, certamente não me conforto nos quartos dos ratos, onde os régios por sua vez tampam o nariz,
- Assim como um obreiro não conforta as mãos, com os malhos que cativam.

          - Notório, não te gastes a saliva em quinhão Nil, há mais de um plebeu precisando de sermão.

- Como quiseres Maria, mas um sermão, não se engendra sem um interrogatório;

- Sim, compreendo-lhe Nil, fecha-te os olhos, e descansa um pouco, não te forces à cabeça, pois já o faz, com o bordado (...) uma noite longínqua nada é sem os minutos duma concisa trova.

- Certamente Maria, certamente (...) Como quiseres a sermão de teus ouvidos (...)

- Ora, mas como dizem Nil, se tua mão não o fizer, as minhas o farão.

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E levá-la-ei de ti, e de ti a levarei...
- Minha amada que entre os confins do universo, em tardios pensamentos, que dão cedo demais um arcaboiço á seus crepúsculos, e afundam em perdição
E como omitiria a besta a ungir-se com as fragrâncias em pó ou em indução?
Devo pressupor que tardará o recamo dos bedelhos,
E de punhais encardidos em demasios de moscardos, estreitos até meus joelhos?

E levá-la-ei de ti, e de ti a levarei...
- Minha ‘alma que cercada por seus ardentes alfinetes a aprumar minha singela gravata, que dão tarde demais o fomento aos esfaimados, e cevam com a fome aos mesmos,
E como omitiria os fragosos degraus, que abrigam pavimentos a escabrosos reis e seus sesmos?
Deveria esta, atulhar sua lenta língua á vocábulos desprezíveis de sonhador,
E adulterar sua fé com mais um parvo de amor?

E levá-la-ei de ti, e de ti a levarei...
- Meus castanhos olhos, que de súbito acorrentam um morbígero olhar distante aos teus olhos, que quando fecho os meus, os teus abertos, vejo (...) Que pássaros são estes que trovam á mim ao engendrar dum beijo?
E nada dão em verdade, escoasse qualquer rédea de ofeguentas rochas, desta cruenta batalha,
E retaliar-me os sonhos nas asas duma rubra borboleta presa dentre uma socha ou numa cimalha?

No salão, as chamas bailam e cantam em uníssono com as distantes cigarras, que saltam sobre os pântanos e lodaçais sinuosos, a entreabrir uma calva nos cabelos!
Os ventos atroando gelidamente numa prateada cocharra, que brilha no intenso suor que escorre sobre os pequenos trigos nos gabelos!

A matança, como a mortandade á criação, não deveria isso semear nas vociferantes enxadas, a pentear as flamejantes foices ardendo ás brasas do negreiro carvão.
E ao abrir a vidraça, as multicoloridas rochas em contraste com suas unhas, que jaspe-negro e jaspe-sanguíneo espelham tais ogros e gravunhas (...)
Oh, e era no gélido dezembro, que aguçavam as hortas suas visões, dos distantes e negros gaviões, espreitando com exaustão os velhos aos escabelos,
Oh, e era no gélido dezembro, que os corvos, aos meus umbrais, entoavam estribilhos magistrais, com uma distante garota atrás, desmanchando sua maquiagem com seu laço aos cabelos (...)
A vivência, como a vida ao óbito, não excederia limites as palavras dum despojo de tolices ou dum olhar,
E os rastilhos aos viveiros e planteis, encardiriam as penugens deste volátil par de asas, a cortar meu rubro ar.

E outeiros, e seminários cerzindo ferrais janelas,
Com um curto dedo detrás, resvalam à quietude sobre o quarto junto ás velas,
Oh, e as canções se adoçavam com as celestes cenas, torcendo disforme as leves penas,
E sombras espirais de vacilantes ostras a jazer pérolas em cascos de vidro revestidas pela onzena,
Oh, e as canções se adoçavam com as celestes espadas, retumbando com silêncio á olembro-negro das estradas, sobre o vestido verdejante de suas espáduas, sobre cavalos de trovão a fremir o funesto solo das moradas.
E celeiros, e roças beijando rostos dramaturgos, com olhos castanhos enrodilhando dois suburgos, á sorrir no vão de sonhos aticurgos, e se camuflando no alvadio silêncio divino dos quase retorcidos homens taumaturgos.

O teixo, o sassafrás, com largos rios de ouro,
Uma verde Ondina cavalgando um cabelo louro,
Das luzes, do sol, um tesouro, nas oito cabeças do bruto mar ao porvindouro,
Oh, e foram nas ruas, que o alinhavar das chamas gritava rudemente, ao estrondoso silêncio a ecoar em minha mente, e trituraram as trevas com seus espinhosos e pálidos dentes, num só suspiro entoado calmamente,
Oh, e foram nas ruas, que a parda vereda se entendia brutalmente, e criavam e recriavam ondas sonoras e iminentes, que me tomavam como por encanto num cicio antecedente, desbravando do mar, a úmida corrente, que me une á sanidade, que nada compreende
O lírio, o crisântemo, com aprumos altos navegados nos lilases das baldias terras, e comandava as estrelas com as cabeças das seis feras, entrecruzadas numa odiosa e translúcida esfera, que depois acorrentava as chamas á pequena onda numa hera (...)


E cerraria as crinas das ondas, com o gorgulho longe tardado, e feneceriam as agonias das estações de meu fardo, e as pencas entrecruzadas á vetusta mesa de jantar e seu esmalte, e cerraria as crinas das ondas em peralte.

- E daria a entender as sombras, afinal certamente...
 Viver nos esqueletos do amanhã, sendo exumado por braços de fogo numa pequena grã,
E vermes entranhados na nascente,
- E daria a entender afinal as sombras
 Um sorriso entre as torrentes do espaço, vivendo entre as ondas,
Tumulando o perfume dos vestidos, a andejar pelo salão, e passos em falsos, estancados com uma rubra tornozeleira e um alçapão.
- E daria a entender porventura as ondas
  A Ondina, que algo retribui enquanto vegetamos em nossas sombras,
 E abrange a gris colheita, arraigada como um fruto na montanha estreita,
E as vértebras de meu ódio, resgatada e fundida pela vida em antódio.

- E daria a entender moldar os rostos que me defrontam á tua ira (...)
  Uma claustrofobia borbulhando em paredes maciças de Safira, a dançar no salão do ventoso medrar sobre a embira,
- E daria a entender em verdade as vísceras cavadas no delfim enregelado, chicoteando o dorso chicoteado, de pálidas folhas, um rubro cadeado, ardendo nos candelabros ás taipas e entranhado,
- E daria a entender as estratégicas somas, calcinadas em cárceres juvenis com seus aromas, Inúmeras fendas fincadas num coração de pedra tumulado, a congelar um sentimento em mim engendrado,

E cerraria as crinas das ondas, com o gorgulho longe tardado, e feneceria as agonias das estações de meu fardo, e as pencas entrecruzadas á vetusta mesa de jantar e seu esmalte, e cerraria as crinas das ondas em peralte.

(...) (Mme Kulp, s'il vous plaît allez vous reposer un peu, ses cheveux en plein désarroi de ces feuilles au-delà de quoi que ce soit de traduire insidieuse) (...)

As memórias da guerra, as centelhas, as colunas, o ferro, as rochas, a enxada
                               (ciciando á beleza da dama Maria)
Os fantasmas, os bonecos, os doces, o tigre, os despojos, o signo, a estrada
                               (ciciando aos ouvidos do Sr. Albero)
A noz, as faias, os vestidos, as laranjas, o azorrague, as gramas, as castanhas, a camada
                               (ciciando ao âmago da doce madame Kulp)   


‘’In regno mortis, quod tegit stratum meum
In sem destempo, domine meus, et ne
Eripe me! Eripe me!
Exhumed tenebras quas flores oculos exaltatur
Ex hibernis tigris in saltum nubile outeitos Domine mi
Eripe me! Eripe me!
’’


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                 - O que fazes tão cedo de pé Maria, recolha-te um pouco os pés, não venha-me desencantando outra vez os olhos com fadigas sobre postas (...)

- I det neste rommet, Mr. Restel, ikke er i stand til å lese hans bok med dikt skrevet av hendene på WCW (…)

                   - Volta-te os pés Maria, faça um pouco de café, e descansa-te um pouco (...)
- Mr. Liveris, kom her lidt med sin kone OG to børn blev trøste ham ved foden af floden Isar og fimbriae (...)

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Rosa encantada                                                    
Ás chamas exumada
Permaneça-te teu aroma e ao grilo
Pois não desejo cessar á senti-lo
          
Rosa encantada
Ás lágrimas permutada
Permaneça-te as pétalas rasgadas
Pois não desejo cessar á toca-las

Rosa encantada
Das tramas, ao enredo estiolada
Permaneça-te nem se for os espinhos ou uma pequena ala
Pois neste sentimento não desejo cessar á deseja-la

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(...) Her er jeg det mørke, som rev mig lugt
Det fortoner sig læsningen af
​​de unge ...
Den pustler skygge, begravet Trallians
Blandt de flammende pisk, lappet med flammer kantater
Det fortoner sig læsningen af
​​de unge ...

Her er jeg den skygge, der drog mig til at se
Det svinder ud til slagmarken
I kongruente lugte, dukker op på prærier varmt opblæste
Mellem enderne af lava, ris, som de modige bjerget igler
Det svinder ud til slagmarken

Her er jeg den skygge, der trak mig til audition
Fading på læberne af dyret
Whispering i Bravado, den mumlen lænket, blodig og belastninger
På den klippefyldte sider af trin
Fading på læberne af dyret

Her er jeg det mørke, som rev mig røre
Fading på ryghvirvlerne i efteråret tavse
Rungende udødelige klogt at dreje på skalaerne i slangen
ATRO rod i en dødelig iskold raseri, krig overflødige
Fading på ryghvirvlerne i efteråret tavse

Her er jeg den skygge, der drog mig til at tale
Markering op dråber af min kaffe
Serenity sirener blå sten, ildfluer og glød
Og corolla pansrede tapperhed excetendes
Fading på ryghvirvlerne i efteråret tavse (...)

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E agora aos meus olhos e castanhos sonhos, dos abismos de acrópole e tristonhos, entre os recintos adornados pelos brados dos doces poetas ao apulso,
Com cordões metafísicos que erigem elos indestrutíveis em meus pulsos,
Como um regelado olhar a costurar-me em concisas vidas entrecruzadas,
Com a pildra enigmática, com anéis sombrios da enseada, um sentimento a envolver-me entre as vértebras de minha inexistência, que me confunde e engendra-me com fastios mentais de minha indolência.
Parto nas trevas que perduram meus pés, á beira do nostálgico amor em gigantes marés,
Afogo-me os amores, em xícaras de café, até a alta onda emergir o louco pajé, lá na distante baía, de sua verdejante relva, entrefolhas congeladas, a pairar á distante gelva,
E afogam-me as ondas os cinco sentidos (...) Em céus gigantescos e de branco vestidos (...)
E mergulho, neste mar, a vazia ode de meu enegrecido coração,
Mergulho, nas notas, nos terçados, desta vazia canção,
E no chorar, mergulho e no medrar, mergulho, enquanto morre em mim todo o orgulho

E mergulho sem olhar para trás, deste mar profundo,
Oh e mergulho belamente tão sedento,
Neste mar de oblívio e retraimento,
Sim, este que muitos chamam de amor, e mergulho, ás pétalas duma rosa em odor,
E mergulho, enquanto se põe as ceroulas do sol de mortulho á beira mar, até que as ondas escondam meus ossos, e eu me afogar (...)


IV. Nos campos uivantes desta manhã acolhedora

Nos campos uivantes desta manhã acolhedora,
Lá fora, nos verdes mares sobre nuvens rodopiantes
Nas benignas luzes atadas dentre trevas heptagonais
Nossas almas cantavam em uníssono,
Ao lado da simples fila do trigo, e o vento nele soprando
O escuriço sob o cabelo, fantasiando o misterioso sol da manhã
E no vento da madrugada, as folhas levadas sobre um violão numa janela.

A quietude exorbitante fluindo em rochas de gelo, a aurora da vida
Meu coração sob uma onda do mar
Minha alma sobre os espinhos duma rosa
A treva engolindo a minha mágoa em prolixas poesias
A nascente do poente á aurora, e caem de meus lábios as fleumas de fogo
Sob uma rosa esvaecida.

E tristonho o sol se põe á brilhar em meus olhos, as ondas vagarosas
Que como minhas lágrimas se despedaçam, e na poeira da branca areia, espelha as belas estrelas, sobre o rosto duma fera, que se incendeia dentre o vasto silêncio da noite, e rastejam e olham para mim.

Ouvi dos mares o que tinham a me dizer, e escutei dos trovões o que guardavam em seus prantos,
E no mesmo plano, em que se dividem as nuvens do oceano, e a obliqua incidência, flutuando nos campos da desolação.
Mas os vermes que rastejam e engolem nossos corpos, são os mesmo que se desprendem de nossos cabelos (...)


V. Se Irrompessem as Trevas

Se irrompessem as trevas, as soberanas mãos
Pregadas na rija madeira, me olvidariam com seus doces ensombros,
E os amásios em ternura, alforriariam suas flores antes de fechar suas pálpebras para mim.
Se irrompessem as trevas
Os laços em minhas nuvens de marfuz, seriam feitas de estanho,
Porém o enaltecer das estrelas, e os falsos joelhos cairiam
E os anciões apanhariam as folhas em suas fontes
Que o fulgor dos trovões levou-lás até seus peitos.

Se irrompessem as trevas, o sol me partiria ao meio
Onde agarrada nas tênues correntes da vida, da loucura, da dor, da morte e da redenção, o arrebatamento em os meus olhos entreabrem,
E os que presumem, os sábios serrariam a negrura,
As insídias levar-me-iam á porta, e todos os tolos chalaceariam sobre os mares
Induziram-me os tolos,
Á pensar que sangram os pastos
Induziram-me os sábios,
Á pensar que sangram as ovelhas,
E a pulsação que não intimida a síncope,
Sangraria em minhas mãos,
Mas minhas mãos conforme os pastos, e as ovelhas, intimidariam a própria pulsação, que pulsa no sangue de minhas veias, então como poderia sangrarem?;

Se irrompessem as trevas
Ouviria os pregadores, e ouviria os ímprobos,
Ressentir-me-ia com seus vocábulos,

Aquela pequena folha que segurei em minha mão quando era criança,
Já não pode mais me cobrir (...)